Em busca do objetivo comum

Estamos chegando ao final de um ano muito diferente, cujos desafios econômicos e sociais ainda permanecerão em 2021. Continuaremos enfrentando incertezas e mudanças rápidas e disruptivas, que exigirão ações fortes num curtíssimo prazo. Neste ambiente, já bastante turbulento, considero preocupante que a mídia, de modo geral, nos confronte com notícias de viés muito negativo. De forma sensacionalista, evidencia o curtíssimo prazo, perdendo a oportunidade de incentivar uma discussão para a vida depois da crise. O foco, lamentavelmente, é nos extremismos de posição, no ‘nós contra eles’.

Mas, será que não existem outros cenários que devemos considerar? Afinal nenhuma crise é eterna e nos ciclos econômicos, após cada período de baixa, segue um de alta. Talvez esta montanha russa seja mais acentuada no Brasil do que nos países mais desenvolvidos. Certamente também nos reserva mais oportunidades potenciais, do que nas economias já muito estabilizadas. Com nossa economia praticamente estagnada, por cerca de cinco anos, seguramente há um grande potencial de crescimento a médio prazo. A questão é: como poderemos aproveitar melhor estas oportunidades e explorar nossas potencialidades?

Na minha opinião, precisamos desconstruir o cenário de extremos, do ‘nós contra eles’, e programar um ‘objetivo comum’. Devemos substituir o confronto, que visa apenas impor pontos de vista, pelo debate, a análise de argumentos, o levantamento de questões e o entendimento dos detalhes. Esta discussão construtiva exige capacidade de ouvir e ceder, sem radicalismos! Será que isto faz parte da nossa cultura?

Sempre haverá vários pontos de vista e nunca será possível atender a todos os interesses em sua plenitude. Se buscarmos ‘impor’ apenas a nossa opinião, estaremos exigindo que outros sejam convencidos a abrir mão das suas convicções. Isto dificilmente acontecerá de forma tranquila e harmoniosa, afinal cada um tem uma motivação pelas suas convicções. Excluo desta consideração os radicais, que numa sociedade democrática devem ser minoria, pois nunca estarão dispostos a considerar outros conceitos. Creio que este seja o caso do Brasil, mesmo avaliando que a mídia pareça considerar relevante dar voz a estes grupos.

É interessante observar, que mesmo enfrentando um inimigo comum, o Coronavírus, estamos tendo dificuldade de aceitar e concordar com uma estratégia de combate, que chegue num consenso com a maioria da sociedade. Isto está gerando um desgaste, um cansaço na população em geral. Talvez seja o ponto de inflexão, que trará a mudança de mentalidade, que me motivou na escolha deste assunto para este editorial, no último Espaço SINDIMETAL do ano.

Precisamos criar uma mentalidade construtiva e positiva para atingir nossos objetivos de médio e longo prazo. Somente assim teremos oportunidade para criar soluções, em conjunto com os diferentes órgãos fiscalizadores dos diversos níveis governamentais, ou em outro exemplo, com os representantes dos trabalhadores. Apenas criando algum consenso mínimo, sobre objetivos comuns, será possível viabilizar alternativas, que permitirão o desenvolvimento sustentável.

Acredito que é possível chegar num consenso sobre algumas ideias básicas. Exemplificando, creio que todos concordam, que nas empresas temos como objetivo o crescimento e o desenvolvimento dos nossos negócios. Também considero plausível aceitar que para isto precisamos atender às exigências legais, trabalhando junto aos poderes executivo, legislativo e judiciário, para que os obstáculos sejam removidos, sem quebra dos preceitos legais. Certamente, há um consenso de que necessitamos de pessoas qualificadas para colaborar com as ações que nos levarão em direção ao nosso objetivo.

Temos que buscar um diálogo construtivo com estas forças, para entender onde podemos encontrar uma visão compartilhada. Somente assim, teremos um ‘objetivo comum’, que nos permitirá recuperar os últimos anos de crise e, assim, voltarmos a crescer de forma sustentável, em um horizonte de médio prazo.

Volker Lübke
Vice-Presidente do SINDIMETAL RS
Artigo publicado no Espaço SINDIMETAL 82

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