Educação – Ensino Técnico

Fico muito feliz e agradecido em poder compartilhar algumas palavras sobre o ensino técnico, uma vez que ele fez parte da minha carreira profissional. Em 1994 me formei no Curso Técnico em Mecânica na Fundação Liberato em Novo Hamburgo e isso realmente me proporcionou uma base muito consistente para iniciar minha trajetória. Tenho muita gratidão a isso, tanto é assim que meu filho mais jovem segue a mesma formação.

Estou convicto e defendo que o ensino técnico pode ser um diferencial positivo na vida dos jovens que estão iniciando a carreira profissional:

Primeiro, porque nesta fase da vida ainda pairam muitas dúvidas, não existe uma definição clara do caminho profissional a seguir, e o ensino técnico profissional ajuda a dar esse direcionamento ao jovem, para encontrar uma identidade, uma motivação ou propósito;

Segundo, é que o ensino técnico prepara para a vida, ele pode transformar o jovem, de um simples estudante, para uma pessoa mais madura, mais responsável e preparada para atuar nos desafios diários com maior resiliência. Esse processo de aprendizado em escolas técnicas desenvolve uma capacidade cognitiva mais refinada, proporcionando ao jovem uma visão mais ampla, de como produtos são fabricados, ou como funcionam;

O terceiro ponto que considero positivo é que o ensino técnico oferece melhores oportunidades para inclusão no mercado de trabalho, maiores chances de crescimento profissional e visibilidade dentro da indústria, uma vez que o jovem estará mais apto a assumir responsabilidades na empresa, ter maior interação com as equipes.  Apenas como dado estatístico, conforme um artigo recente da Agência Brasil, de julho de 2023, os trabalhadores que tem formação técnica possuem uma remuneração média de 32% acima dos que possuem ensino médio tradicional.

Não há dúvidas que para termos uma indústria mais forte e competitiva, a ampliação e o incentivo a formação técnica são fundamentais. Nos países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 32% dos alunos se formam na área técnica, enquanto que no Brasil esta taxa está próxima dos 10%. Significa que temos muito a fazer.

É preciso haver uma integração muito forte entre empresas e escolas, ou seja, não podemos somente exigir técnicos quando necessitamos deles, mas sim atuarmos continuamente, fomentando e apoiando parcerias entre escolas e entidades, com trocas de informação e direcionamento. Essa integração certamente evidenciará demandas e carências, criando ações e abrindo caminhos, para que possamos ter mais técnicos nas nossas indústrias.

Uma maior inserção dos jovens na formação técnica realmente é um desafio na educação brasileira. De acordo com o IBGE, o principal motivo da evasão escolar é a necessidade de trabalhar muito cedo, é preciso fazer um trabalho de base. O Brasil tem diversas iniciativas, como por exemplo as escolas do SESI e do SENAI, entre outras; tem evoluído significativamente nos últimos anos, todavia existe muito por fazer.

Um programa de políticas públicas de médio a longo prazo sem dúvida pode levar o país a outro patamar quando se trata de qualificação de profissionais técnicos. Precisa haver um foco em aumentar a base da pirâmide com profissionais técnicos, pois poucos tem a chance de acessar uma universidade, mas muitos podem alcançar uma formação técnica com um maior direcionamento e ações de fomento neste sentido.

O lado positivo é que temos uma população jovem, inteligente, criativa; isto aliado a ações bem planejadas e regionalmente focadas de acordo com as necessidades locais, tem muita chance de sucesso, para as pessoas, para a sociedade, para o governo e para as empresas.

Vitor Fabiano Ledur
Vice-presidente do SINDIMETAL RS

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