O peso da nossa ineficiência em debate na entidade
O economista-chefe do Sistema FIERGS, Giovani Baggio, apresentou, com muita propriedade, dados pontuados pela Unidade de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul, por ocasião da palestra sobre o Custo Brasil: o peso da nossa ineficiência.
A atividade ocorreu no dia 02 de abril, quando estiveram reunidos empresários e gestores das empresas associadas e filiadas, na sede do SINDIMETAL RS.
Ao saudar os participantes, o diretor Executivo, Valmir Pizzutti, enfatizou a importância de a entidade oportunizar o debate sobre temas estruturais, que possam contribuir para que a indústria avance em competitividade.
Segundo o palestrante, o Custo Brasil é um termo utilizado para expressar os custos que os entraves burocráticos, econômicos, fiscais e de infraestrutura têm sobre o ambiente de negócios brasileiro. Busca identificar as ineficiências expressas em legislação e regulamentação inadequadas, assim como as deficiências no provimento de bens públicos, leia-se infraestrutura e logística inadequadas/insuficientes. “Essas ineficiências/deficiências acabam por acarretar maiores custos aos empresários, menor produtividade e baixa competitividade, assim como preços de bens finais mais elevados para a população”, comenta Giovani.
Conforme citado pelo economista, o Custo Brasil envolve 12 dimensões do ciclo de vida de uma empresa. São eles: abrir negócio, financiá-lo, empregar capital humano, dispor de infraestrutura, acessar insumos básicos, ambiente jurídico regulatório, cadeias produtivas globais, honrar tributos, serviços públicos, reinventar o negócio, competição justa, retomar/ encerrar negócio. Na atualização mais recente, divulgada em 2023, a estimativa do Custo Brasil é de R$ 1,7 trilhão (19,5% do PIB).
QUESTÕES APONTADAS – “A carga tributária, com uma taxação alta no Brasil, também é um fator que prejudica as empresas, que acabam tendo um custo maior, tornando, assim, o seu produto menos competitivo”, justifica. Além disso, o custo logístico é alto; a infraestrutura é ineficiente, baseada no transporte rodoviário e há uma insegurança jurídica, que trava os investimentos.
“Empregar capital humano, honrar os tributos e dispor de infraestrutura são questões responsáveis por mais de 50% do custo. Ainda, o transporte de carga brasileiro é altamente dependente das rodovias, sendo que apenas 12,4% são pavimentadas”, justifica Giovani.
Mas quais os motivos dos juros serem altos no Brasil? Entre as respostas, o próprio histórico de inflação alta; baixo nível de poupança; elevada dívida pública; alto nível de crédito direcionado; concentração bancária e inadimplência elevada.
Para o economista, os principais problemas da indústria estão na demanda interna insuficiente; elevada carga tributária; taxas de juros elevadas; insegurança jurídica; competição desleal; demanda externa insuficiente; falta ou alto custo de trabalhador qualificado; burocracia excessiva; inadimplência dos clientes, entre outros.
A questão, segundo Giovani, é que além do Custo Brasil, que impacta negativamente na produtividade, as indústrias gaúchas enfrentam também o Custo RS, com o piso regional, o fato de serem distantes dos centros consumidores e dos portos, com elevado custo operacional, demografia desfavorável, maior carga de ICMS e menos incentivos fiscais. Para melhorar a oferta e competir lá fora, os itens mencionados deverão receber uma atenção especial dos governantes, com vistas a contribuir para que a economia interna se fortaleça e a indústria brasileira seja mais competitiva no mundo.
Foto: Divulgação SINDIMETAL
Jornalista Neusa Medeiros – Assessora de Imprensa | Edição 3 Comunicação Empresarial