
Empresários e entidades estiveram reunidos para debater sobre o Impacto das Tarifas dos EUA
Nesta quarta-feira, dia 10 de setembro, o Centro das Indústrias, em São Leopoldo, sediou o evento Impacto das Tarifas dos EUA: como superar este desafio? A iniciativa foi voltada ao público empresarial e promovida com o apoio de diversas entidades e sindicatos empresariais do Rio Grande do Sul.
O encontro teve como objetivo discutir os efeitos das tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e apresentar estratégias adotadas pelas empresas para enfrentar este cenário. Representando as lideranças presentes, Marlos Davi Schmidt, presidente do SINMAQSINOS e do Conselho Executivo The South Base, saudou a todos destacando a receptividade do SINDIMETAL RS. “Um ambiente que acolhe muito bem as indústrias, associações e sindicatos que trabalham pelo coletivo”.
Segundo Marlos, os parceiros, palestrantes e debatedores foram muito receptivos à iniciativa. “A diversidade de atores e realidades pode servir de inspiração e promoção de uma nova iniciativa, de um setor ou empresa, quem sabe uma solução, para enfrentar esse momento tão desafiador. O nosso objetivo é compartilhar visões, desafios e soluções fortalecendo o diálogo entre as empresas e as entidades”.
A programação contou com os palestrantes Igor Morais, sócio e economista da Vokin Investimentos e do SIMECS; Aderbal de Lima, coordenador do Conselho de Comércio Exterior da FIERGS e Haroldo Ferreira, presidente Executivo da Abicalçados. Os palestrantes abordaram os impactos econômicos, tendências do comércio exterior e medidas estratégicas adotadas para mitigar os efeitos das tarifas.
CONSIDERAÇÕES – Segundo o economista Igor, “o poder econômico é usado para atingir objetivos políticos. E o exemplo mais recente tem sido a imposição de tarifas e as sanções diplomáticas por parte do EUA. Mas esse processo não teve início agora. Os eventos recentes fizeram empresas e governos perceberem a necessidade de mudar a relação das cadeias de suprimento global”, afirma. “Estamos a um ponto da decisão: as tensões geopolíticas podem tanto abrir novas oportunidade de negócios (venda de produtos ou M&A) quanto criar muitas ameaças para o Brasil (dificuldade em obter financiamento, transferência de tecnologia ou acessar componentes). A escolha está com a gente”, destaca Igor.
Aderbal de Lima afirmou que “o problema é político e geopolítico e não tarifário. A FIERGS tem feito um trabalho incansável com relação a esse tema, mas que até o momento segue infrutífero. A frustração está em todos nós. Entre os setores mais afetados estão o tabaco, calçados, madeira e o eletroeletrônico. Estou preocupado com o nosso futuro”.
Na opinião de Haroldo Ferreira, os impactos serão ainda maiores, pois a geração de postos de trabalho é imensa. “No mês de agosto, as exportações brasileiras de calçados para os EUA sofreram queda de 17,9%, mesmo com o movimento de antecipação de embarques antes da vigência da tarifa adicional”. “O resultado de antecipação dos embarques foi refletido, predominantemente, nas exportações do Rio Grande do Sul para os EUA, que cresceram 17,2% e 10,7% em dólares e pares. Um cenário mais realista deve ser registrado nas exportações dos meses seguintes, principalmente na próxima temporada, refletindo a paralisação das negociações desde julho”, enfatiza Haroldo.

PAINEL – Na sequência, foi realizado um painel mediado por Thômaz Nunnenkamp, presidente do SINDICIS, com a participação de empresários diretamente impactados. Falaram como painelistas: Sergio Panerai – sócio-administrador da Bolzano Brasil Indústria de Couros e Peles Ltda e presidente daAicsul; Daniel Gonçalves de Amorim, sócio-administrador da Calçados Tabita Ltda; Caroline Goulart Costella Foerth, sócia-administradora da Fercorte Indústria Metalúrgica; Leonardo De Zorzi, presidente do Sindimadeira RS; Nestor Giordani, diretor da Tramontina Multi S.A; Cleomar Prunzel, vice-presidente de Administração e Finanças da Stihl; e Fabrício Pinheiro da Silva, diretor da Ecoespuma Colchões e Espumas Industriais.
Durante o painel, foram compartilhadas experiências práticas, desafios enfrentados e soluções adotadas para manter a competitividade no mercado internacional.
A empresária Caroline registrou que em julho já começaram na Fercorte a suspensão de pedidos, impactando diretamente na empresa. “Tomamos medidas de imediato, como a suspensão de pedidos com fornecedores, uma reprogramação. Também foram concedidas férias emergenciais, para evitar as demissões. Precisamos reduzir o quadro de funcionários, adequar a empresa aos novos volumes de pedidos. Mesmo com esforços redobrados, não é rápido fechar novos negócios. Precisamos reorganizar a empresa, para superar esse momento, acreditando na reversão do cenário, para reencontrarmos um novo ponto de equilíbrio”, assegura Caroline.
Cleomar Prunzel, da Stihl, destacou que o que tem sido feito pela FIERGS é buscar o apoio governamental. Mesmo reconhecendo que não é somente o Brasil que está sendo tarifado, o impacto para a empresa é significativo. O nosso produto principal, que exportamos para os Estados Unidos, são os cilindros. A empresa trouxe essa demanda para a Stihl, que contabiliza cerca de 30 anos de desenvolvimento e tecnologia. Mudar isso é praticamente impossível num curto espaço de tempo. Sabemos que a demanda irá reduzir e com isso a produção”, salienta.
Na opinião de Nestor Giordani, da Tramontina, a estratégia no momento é flexibilizar a produção; negociar com os clientes, o que irá gerar desgaste para ambos. Certamente, as vendas irão cair. Olhando para o futuro, entendemos que a empresa terá que encolher, para um novo tamanho de mercado. O primeiro setor que será reduzido será a produção. A Tramontina tem uma relação comercial com os Estados Unidos, de muitos anos, mas com essas medidas a margem está cada vez menor”, afirma.
MANIFESTO – Ao final do evento, os participantes aprovaram a iniciativa de encaminhar ao governo federal um Manifesto Institucional. O conteúdo destaca a necessidade da reversão das tarifas adicionais impostas pelos EUA, ressaltando a insuficiência das medidas de crédito e apoio anunciadas até o momento, reforçando a importância de negociações hábeis para assegurar a competitividade das empresas brasileiras e a preservação das cadeias produtivas e empregos no Rio Grande do Sul. O evento consolidou-se como um espaço de diálogo e articulação entre empresários e entidades representativas, reafirmando o compromisso do setor empresarial gaúcho com o fortalecimento do comércio exterior e a defesa dos interesses das empresas exportadoras diante de desafios globais.
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Imagens: Divulgação SINDIMETAL RS
Jornalista Neusa Medeiros – Assessora de Imprensa | Edição 3 Comunicação Empresarial