Economista da FIERGS projeta queda da inflação e crescimento menor da economia em 2022
A palestra sobre Perspectivas 2022 e os desafios da economia pós-pandemia, com o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), André Nunes de Nunes, reuniu lideranças empresariais e gestores, na sede do SINDIMETAL RS, nesta quarta-feira, dia 15 de dezembro.
Ao saudar os participantes, o diretor Executivo, Valmir Pizzutti, destacou a presença do presidente da entidade, Sergio Galera e ex-presidente, Raul Heller. O ingresso para a atividade foi 1 kg de alimento não perecível, que será destinado para o Banco de Alimentos Vale do Sinos.
Na ocasião, Nunes fez uma análise e previsões dos principais indicadores econômicos para o próximo ano, incluindo crescimento, preços e taxa de câmbio. Foram pontuadas também as expectativas para a normalização das cadeias globais de suprimentos e perspectivas para a inflação e taxas de juros no Brasil e no mundo. Do ponto de vista da atividade, o economista falou sobre as perspectivas para o crescimento do PIB e da indústria do Brasil e do Rio Grande do Sul.
“Após o pico da pandemia, o pico dos estímulos e o pico de crescimento, no segundo trimestre de 2021, a economia mundial se encaminha para um ciclo de normalização das políticas macroeconômicas e deve começar a desacelerar”, afirma Nunes. A inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), deverá encerrar 2021 em 10,1% e a expectativa é de uma desaceleração para 5,8% ao final de 2022. Porém, a convergência para o centro da meta de 3,25% só deverá ocorrer em 2023.
Segundo o economista, “a inflação foi o tema do ano, tanto pelos seus impactos nos custos de produção, quanto pela deterioração do poder de compra dos consumidores. O comportamento dos índices de preços no início do ano sinalizava um quadro já bem pressionado em alguns segmentos, principalmente por conta dos custos de matérias-primas e dos preços de commodities”.
A taxa de desemprego elevada e a permanência das interrupções nas cadeias de fornecimento também devem ajudar a diminuir o ritmo de crescimento. Projeta-se um aumento do PIB de 4,6% para o Brasil, em 2021, e 1%, em 2022. Já o Rio Grande do Sul deverá crescer 9,6%, este ano, e 1,6%, no próximo. “Entre os setores, a indústria do Rio Grande do Sul puxa a recuperação, desde agosto de 2020 e está 1,5% acima do nível anterior ao da pandemia, enquanto os outros setores vêm paulatinamente tentando se recuperar”, afirmou o economista-chefe da FIERGS. Mesmo assim, alertou, em outubro de 2021 a indústria gaúcha ainda produziu 11,6% a menos em relação ao pico ocorrido no mesmo mês de 2013.
A INDÚSTRIA – Inflação em alta, crise de suprimentos e perdas na produção não preocupam apenas o Brasil. Em nível internacional, explicou o economista André Nunes, o “descasamento” entre oferta e demanda provocou, em 12 meses, até novembro de 2021, elevação de 110% em dólar nas commodities energéticas, e de 165% em fertilizantes. A falta de semicondutores, problema que só deve estar sanado em 2023, causou impacto negativo de 6,5 milhões de unidades na produção mundial de veículos em 2021.
Na realidade, “melhores perspectivas para longo prazo depende do quanto haverá de competitividade, da economia brasileira, e da possibilidade da retomada do crescimento da indústria”, enfatiza Nunes. Um fato importante e urgente para a indústria é a necessidade da Reforma Tributária. A partir dela o movimento poderá ser mais positivo.
Para Nunes, “a engrenagem de fornecedores precisa também funcionar bem, caso contrário irá subtrair do crescimento”. Já em relação ao dólar, a moeda brasileira se depreciou 29% em 2020 e 9% em 2021, ocupando a terceira posição. Para 2022, é esperada que a taxa de câmbio termine em R$5,50, mas com possibilidade de uma forte depreciação durante o percurso.
Ao encerrar a atividade, o presidente do SINDIMETAL RS, Sergio Galera, destacou a importância da análise, realizada pelo economista Nunes, que muito irá auxiliar os empresários, a verificar como a economia irá se comportar nos próximos meses. “Mesmo com alguns aspectos desfavoráveis, devemos manter o otimismo, pois ele será fundamental para impulsionar as nossas ações em prol do crescimento das empresas”, conclui Galera.
Acesse aqui o Balanço Econômico e Perspectivas 2022, elaborado pela equipe da Unidade de Estudos Econômicos da FIERGS.