Nada é permanente, exceto a mudança

A frase do título é creditada ao filósofo Heráclito, que viveu cerca de 500 anos antes de Cristo e antes mesmo da época de Sócrates. Ela mostra que a preocupação com a mudança é parte da natureza humana. De certa forma isto nos tranquiliza, em relação às inquietudes que sentimos hoje, em relação a um mundo que muda constantemente e de forma cada vez mais rápida.

Neste momento passamos por um processo acelerado de mudanças sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Conseguimos perceber que as coisas estão mudando e entendemos que o futuro será muito diferente do presente, mas não temos como saber com segurança como será. O nosso desafio é pilotar as empresas em alta velocidade, por este ambiente cada vez mais nebuloso.

Pessoalmente procuro me manter continuamente informado, sobre as mudanças tecnológicas, em especial em relação ao assunto, que de forma geral é chamado de Indústria 4.0 ou manufatura avançada. No meu entendimento há muito marketing relacionado a estes termos e são disseminadas informações muito superficiais. De fato, trata-se de um número grande de tecnologias novas e algumas antigas, mas com custo muito mais baixo que antes. Elas permitem mudanças impactantes nos processos das nossas empresas e exigem novas expertises das equipes. Isto está ocorrendo de uma forma muito mais abrangente e rápida do que, por exemplo, a introdução dos comandos numéricos (CNC) nas máquinas de usinagem, para fazer uma comparação, que muitos talvez nem entendam, por já terem nascidos na era do CNC.

Confesso que vejo este assunto com dois sentimentos. Por um lado, tenho uma preocupação muito grande de não conseguirmos acompanhar as mudanças na velocidade necessária. Pelo outro lado, fico muito animado pelas oportunidades de darmos saltos de produtividade. 

A preocupação é muito ligada à dificuldade de implementar novas tecnologias, por falta de conhecimento e experiência. O acesso a estas tecnologias é relativamente fácil e o custo cada vez mais baixo, o que de certa forma é sedutor. A dificuldade está em fazer a escolha certa num mar de oportunidades. Como escolher aquela que trará melhor resultado se ainda não há muita experiência prática para nos apoiarmos? É fácil ser seduzido pelas promessas dos fornecedores e é compreensível investir muito tempo e dinheiro em tecnologias inadequadas, que não trarão resultado.

Por outro lado, fico muito animado com as oportunidades de ganharmos produtividade, abrindo novas oportunidades de negócios. Nas últimas décadas a indústria lutou para sobreviver, mas de forma geral encolheu no Brasil. Precisamos de uma mudança para reverter este processo e talvez isso possa vir com esta nova revolução industrial. Certamente é um caminho sem volta e quem não acompanhar provavelmente ficará fora do mercado. 

Se ficar parado não é uma alternativa, temos que ir em frente atrás das oportunidades. A solução é buscar conhecimento e trocar experiências. Contamos com uma boa base de competência na nossa região. Temos os Institutos SENAI de Inovação, as universidades e seus polos de tecnologia, além de uma variedade de ramos industriais, que podem alavancar conhecimento, se conseguirmos articular isto. Tradicionalmente há uma distância grande entre a academia e a indústria no Brasil, mas talvez o momento seja de oportunidade, para nos aproximarmos e buscarmos novas formas de transformar conhecimento em alternativas de negócios.

A iniciativa é nossa, não devemos esperar que o governo resolva este problema. Acredito que agora o mais importante seja aumentar o conhecimento geral sobre as tecnologias e suas aplicações práticas. Disseminar este conhecimento entre os empresários e suas equipes deve ser a primeira tarefa, que pode abrir oportunidades para ações mais específicas. O SINDIMETAL RS poderá ser o catalisador deste movimento, agregando um benefício significativo aos seus associados. Assim como aconteceu com o LEAN, as empresas podem se beneficiar mutuamente, compartilhando experiências, sem a necessidade de investir em consultorias caras e inacessíveis para muitos. É mais uma grande oportunidade que o associativismo permite.

Vale lembrar que, se a mudança é permanente, não podemos nos dar ao luxo de ficar parados! Vamos agir e buscar as oportunidades para o nosso setor. 


Volker Lübke
Vice-Presidente do SINDIMETAL RS 
Espaço SINDIMETAL 75

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